O termo “impotência sexual” foi banido do linguajar médico há alguns anos, pois era considerado pejorativo e mais um fator para a redução da autoestima no qual vivem os homens que enfrentam a disfunção erétil (DE).
A disfunção erétil (DE) se caracteriza pela incapacidade de se obter e/ou manter uma ereção do pênis suficientemente rígida para um intercurso sexual satisfatório.
Obviamente que não se configura problema quando isto ocorre de forma ocasional, entretanto, a manutenção de falhas ou desempenho ruim resulta em grande impacto psicológico e social. E isso é fácil de compreender, pois vejamos, de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), a sexualidade segura e prazerosa é um dos índices que medem o nível de qualidade de vida de uma população e um importante indicador de bem-estar físico, mental e social.
E qual a importância do sexo na vida das pessoas?
Segundo um grande estudo sobre a sexualidade dos brasileiros conduzido pela pesquisadora e psiquiatra Carmita Abdu, avaliando 10.161 indivíduos acima de 40 anos, identificou que: 96,5% dos homens e 92,7% das mulheres consideravam como importantíssimo (47,3% H/ 33,3% M) ou geralmente importante (49,2% H/ 59,4%M) o sexo para a harmonia do casal.
Neste mesmo estudo, verificaram que 76,7% das mulheres e 80% dos homens relatavam que as dificuldades sexuais afetaram a autoestima, a vida profissional, o relacionamento com amigos e com a parceria.
Entendemos então, por que disfunção erétil não pode ser menosprezada, subdiagnosticada principalmente sub tratada.
Estudos ainda mostram que cerca de 54% dos homens temem não ter uma ereção quando iniciam a relação sexual.
Isto de certa forma é justificado quando levantamos a prevalência de Disfunção Erétil na população acima de 40 anos. Um pioneiro estudo realizado nos anos 90 em Massachussetts avaliando homens entre 40 e 70 anos evidenciou que 52% deles apresentavam algum grau de Disfunção Erétil, sendo destes 10% completa, 25% moderada e 17% mínima. Estes estudos foram posteriormente replicados em todo mundo, com resultados muito semelhantes, inclusive no Brasil (49% com DE).
Esses índices aumentam consideravelmente com a idade, seja no percentual como na gravidade atingindo níveis de cerca de 80% aos 70 anos.
Para entendermos a disfunção erétil, precisamos entender a função do pênis, ou seja, o mecanismo da ereção.
A ereção é o mecanismo hidráulico que acontece com a dilatação (relaxamento) dos vasos sanguíneos e a entrada de sangue nos corpos cavernosos do pênis. Para que isto ocorra precisamos da integridade dos vasos sanguíneos, dos nervos, dos tecidos penianos, dos níveis hormonais e principalmente de uma mente saudável.
Existem vários fatores de riscos que afetam este funcionamento equilibrado e harmônico do pênis: A diabetes mellitus, a hipertensão arterial, cardiopatia, dislipidemia (colesterol alto), depressão e ansiedade excessivas. Maus hábitos de vida como, sedentarismo, obesidade, estresse e abuso de fumo, drogas e álcool também são grandes vilões.
A identificação das causas da disfunção erétil (DE) nem sempre é simples, pois não existem exames disponíveis que nos informe com assertividade o que queremos descobrir.
Como as causas da DE são vasculares, neurológicas, teciduais, hormonais e psicogênicas o ideal é uma cuidadosa e detalhada escuta da história evolutiva da disfunção, compreendendo os possíveis fatores de risco que podem ter desencadeado o problema.
Exames laboratoriais simples, ajudarão a identificar diabetes (glicose e hemoglobina glicada elevadas), dislipidemia (colesterol elevado), hipotiroidismo (alteração dos hormônios tireoidianos), hipogonadismo (redução da testosterona), insuficiência renal, anemia…
Um dos principais exames utilizados é a ultrassonografia peniana com o doppler das artérias cavernosas, após estímulo farmacológico injetável. Este exame irá identificar o fluxo sanguíneo peniano e a competência vascular, além da resposta do indivíduo ao tratamento com FIC (farmacoterapia intra cavernosa).
O tratamento da Disfunção Erétil se baseia em três linhas terapêuticas:
Primeira linha: Medicação oral e psicoterapia (terapia cognitiva sexual).
A primeira linha não significa que é a mais efetiva, porém, com certeza é a mais simples de ser empregada. Até o final da década de 90, o tratamento oral era praticamente um placebo, ou seja, sem nenhuma comprovação cientifica da sua real eficácia.
No final da década de 90 surgiu o Viagra® (Silderafila), que revolucionou o tratamento da disfunção erétil, pois pela primeira vez, na história da humanidade, um tratamento oral comprovadamente melhorava a performance sexual. Muitas outras chegaram ao mercado na carona desta febre do “azulzinho”, tais como o Cialis® (tadalafila), que foi um dos que mais fizeram sucesso por sua promessa de possibilidade de ação de até 36 horas. Outros tantos também chegaram como Levitra® (vardenafila) e o Helleva® (lodenafila).
Todas essas medicações sofreram muito com o mito injustificado de fazerem mal para o coração, quando na verdade, essas medicações não fazem mal algum ao sistema cardiovascular, entretanto, não podem ser utilizados concomitantemente com uma classe de medicamentos denominados Nitratos, usados principalmente no passado para insuficiência coronariana (angina).
Atualmente, podemos utilizar as medicações para ereção de três formas:
- Uso diário de baixa dose, que traz mais espontaneidade ao relacionamento.
- Uso sob demanda, quando se utiliza uma das medicações em dose um pouco maior, cerca de 30 a 90 minutos antes da relação.
- Uso combinado de ambas, para melhorar a eficácia do tratamento.
Estas medicações, como já dito são seguras podendo, entretanto, causar efeitos colaterais como: rubor, calor, cefaleia (dor de cabeça), congestão nasal e taquicardia. Tudo transitório e sem risco.