Incontinência urinária – por que as mulheres são mais afetadas?
Estima-se que no Brasil a incontinência urinária, caracterizada pela perda urinária de forma involuntária, atinja mais de 10 milhões de pessoas, com proporção de acometimento bem maior no sexo feminino, principalmente a partir da terceira idade. A explicação para esta maior incidência nas mulheres varia de acordo com o tipo de disfunção apresentada, mas tem entre as causas mais comuns, diferenças anatômicas, alterações hormonais e consequências do pós-parto vaginal.
“A incontinência urinária de esforço, por exemplo, é mais atribuída às mulheres por sua ligação direta com o enfraquecimento do assoalho pélvico, agravado com o avanço da idade. Entretanto, é cada vez mais frequente o aumento das queixas de incontinência de urgência e mista”, explica dr. Francisco Coutinho, membro da Sociedade Brasileira de Urologia (SBC) e da International Continence Society (ICS).
Esta perda urinária pode acontecer por esforço físico, como tosse, espirro (incontinência de esforço), por um desejo imperioso e inadiável de urinar (incontinência de urgência), e também pode ocorrer nas duas situações anteriores, que é conhecida como incontinência mista. Outras formas de perda da urina se dão por motivos secundários, como a perda de contração vesical (transbordamento), má formação (implante ureteral anômalo), Iatrogênia (fistulas pós-cirúrgicas), entre outros.
A respeito das possíveis consequências do pós-parto vaginal para a ocorrência da incontinência urinária, dr. Coutinho explica que ocorre devido aos períodos expulsivos prolongados e bebês muito grandes, e também por fatores associados à própria gestação (peso e esforço).
Na menopausa, especialmente após 60 anos, em que estatísticas revelam que 20-30% das mulheres apresentam a disfunção, estas explicam-se pelas alterações hormonais e da estrutura da musculatura do assoalho pélvico, bem como do músculo detrusor, o músculo da bexiga.
Alguns estudos sobre tratamentos hormonais pré e pós-menopausa também relacionaram um aumento da incontinência urinária, embora sem a relação causal.
Por estas relações causais é que dr. Coutinho cita a importância das medidas comportamentais tanto para a prevenção como para o tratamento das incontinências urinárias, as quais se destacam: manutenção de peso ideal; redução do consumo de cafeína, que é um irritante vesical e a realização de exercícios pélvicos sob orientação de especialista. “Este último é, sem dúvida, o melhor método preventivo e infelizmente negligenciado pela maioria das mulheres”, pontua o médico.
O tratamento das incontinências começa pelo diagnóstico correto, sendo que nas incontinências leves por esforço, as medidas comportamentais e fisioterapia pélvica são reconhecidas eficazes. Já as incontinências por urgência (Síndrome da Bexiga Hiperativa) são tratadas também com medidas comportamentais e fisioterapia pélvica, mas na grande maioria dos casos requerem ainda medicações anticolinérgicas, que “acalmam” a bexiga.
“O Botox é indicado nas incontinências de urgências refratárias ao tratamento conservador e têm apresentado resultados muito interessantes em mais de 50% dos casos, relata o especialista”, relata o urologista.
O médico afirma que “o tratamento é simples e requer a aplicação endoscópica do Botox na bexiga a cada 6 meses, que é o tempo de duração dos efeitos da medicação. Não requer internação por mais de algumas horas, mas pode apresentar resultados adversos em até 5% dos casos, caracterizado por retenção urinária, mas reversível”.
Importante destacar que embora outras especialidades possam tratar das incontinências urinárias, o urologista é o que detêm o maior conhecimento fisiopatológico desta disfunção, sendo também o mais bem preparado para a aplicação intravesical do Botox.
Como mensagem final, dr. Coutinho destaca que poucas mulheres tem consciência da necessidade de prevenir a incontinência urinária, principalmente no que se refere ao conhecimento da anatomia e funcionamento do seu períneo, bem como das técnicas que auxiliam no fortalecimento desta importante musculatura, e que estas fazem grande diferença para atenuação dos avanços de casos que vemos nas estatísticas.
Link: http://www.controleurinario.com.br/conteudo/por-que-as-mulheres-sao-mais-afetadas-pe/16/